O Senhor Ermo já uma vez tinha investido o seu dinheiro no negócio de loja, onde vendiam alguns produtos, mas não teve muito sucesso, porque os filhos tiravam as coisas sem autorização – latas de leite moça, latas de sardinha—; e furando-as com pregos, chupavam às escondidas e as deixavam vazias. Nos pacotes, os chouriço acabavam paulatinamente – surripiavam um de cada vez, até já não sobrar senão pacotes esvaziados.
Um certo dia, os cabritos do Senhor Ermo foram soltos e postos a passear um pouco pelas ruas. Mas as crianças deviam manter os olhos neles para que não cometessem qualquer estragos ou fugissem. Naquele humo da tarde, visto que andavam famintos, invandiram a loja do Senhor Ermo, no descuido da petizada, abonaram-se de todo arroz que havia na loja, comendo também o saco. Depois de terem comido tudo, já não conseguiam fugir do local do crime, porque para além de que estavam tão abarrotados, o saco os embrulhava os intestinos; e no mesmo instante, caíram mortos pela congestação sufocante que os abatera. É óbvio que a petizada não ficou sem punição por aquele descuido e estragos na loja do Senhor Ermo.
A vizinhança criava muitos gatos. Isso irritava ao Senhor Ermo.
“Essa gente fica parece é doída. Toda hora criarem gatos torta à direita que tudo que sabem fazer é atropelar o sono dos outros com seus barulhos de mião, mião nas chapas de casas”, diziam ele. E decidiu fazer uma gatueira. Pensava ele que se um gato caísse na armadilha, todos os outros se dariam como avisados e lá já não circulariam mais, porque saberiam do perigo na área. Então, ele punha a gatueira de noite, e pela manhã tirava. Mas certo dia dos dias da vida, o Senhor Ermo esquecera de tirar a gatueira ao amanhecer por causa da pressa com que se preparara e fora ao trabalho. Então, um dos seus netos, o Ismael, que gostava de brincar por cima das chapas, desavisado da situação, subiu nas chapas para brincar e, por azar dele, em plena tarde como era aquela de sol escaldante, acabou caindo na gatueira e quase perdeu uma mão. Foi assim que o Senhor Ermo, embora descontente, desistiu da caça dos gatos da vizinhança, só para evitar mais tragédias.
Noutro dia, de manhã, Senhor Ermo acordou junto com a família toda. Em pé no quintal, chamou um dos filhos, o Saíde e o mandou: