Efata Abra-Se. Открой себя - страница 3

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O Senhor Ermo fazia questão de procurar saber das tarefas escolares dos filhos em casa. Vezes há que sentava com eles para averiguar e avaliar o trabalho de cada um. E quando um tempo livre o abraçava, virava que nem um professor caseiro, dava aulas de Matemática nos miúdos que se encontravam em casa por aquela altura. E quando com eles saísse transpirando dos cálculos que só fingiam complicação, arrebentava, em jeito de conselho:

“Vocês devem apertar na leitura. Dedicam-se mais aí… é lá que está os problemas. Números são números, mas é preciso alumiar as equações com a luz das leituras de cada caso. Mesmo um grande enginheiro se não souber ler em condições e interpretar bem os sinais, é um atoa… Vai só estragar as máquinas alheias.”, encerrava exhausto Senhor Ermo. E os miúdos meneavam as cabeças, sinal de estarem a ouvir e a catar os conselhos. Todavia, no compasso de um tempo, assim só que o Senhor Ermo dava às costas, largavam tudo, qual e tal se largam as mabangas de um mar que deixou de ser importante; e iam forjando alegrias nas brincadeiras.

Aos Sábados toda família da Eliana tinha de ir à igreja, nos ensaios, para além da limpeza geral que lá faziam e que era obrigatória. Era como se viver de um misto de emoções no seio da família, Eliana sentia toda beleza da vida dançando no seu peito. Aos Domingos, o culto era de manhã, e a família toda ia com sobras de alegria. E no regresso, espiavam sorrisos na comida de toda gente – arroz com feijão ou cachupa. E o almoço então? Tinha a companhia de umas kissanguadas e um bom filme. Todos comíam ao mesmo momento sem descompassar, até mesmo os visitantes. A casa do Senhor Ermo se abafarova de boas companhias. Quase todo mundo gostava de lá estar e ser parte daqueles convívios improvisados no humo das tardinhas dominicais. E quando já estavam todos com as barrigas inchadas – embutidas de comida —, punham tocar as músicas favoritas dos pais e também da avó Suraia que gostava de dançar caçoante. No momento do lazer, brincavam de se fazer zombarias e contar qual coisa qual é ela – anedotas. E quando na quitumba a chuva caía, a criançada brincava na chuva e transbordava de felicidade cujos céus, enfuriados e musixis, mijavam na terra. As ruas ficavam intransitáveis, cheios de lamas e águas estagnadas pelos caminhos. Apesar de que eles amavam brincar na chuva, mas depois das brincadeiras, tinham que ir à escola debaixo dos estragos da chuva no dia seguinte. Os sapatos apanhavam as lamas. Homens e mulheres punham sacos nos pés para fazerem travessias dum lado ao outro, cujos pés débis na lama outras vezes soterravam. E as águas paradas engoliam as chupas, as facilitas e as sapatilhas da criançada. A véspera do natal era um dos momentos mais mágicos. Não havia quem não se babava de suas roupas novas – novíssimas, porque até cheiravam à pai natal. Tiravam fotos, faziam bolos e partilhavam mais alegria com toda vizinhança. E no primeiro dia do ano, faziam o sacalé – todas as crianças e alguns jovens se uniam para pedir boas festas de porta a porta.