«Vai ainda me comprar pão aí na esquina». Deu-lhe uma nota alta em dinheiro. Saíde saiu e foi comprar pão. Porém, enquanto regressava para casa, foi abordado por um amigo seu e que, estatelados, iam conversando. Mas enquanto seguia a conversa, um vento soprou forte e o dinheiro que pendurado já estava no bolso do Saíde – do seu calção de nganga —, onde espiava de olhos fora, foi abatido pelo vento e caiu sem que ele se apercebesse. Havia um jovem ao lado que vira o dinheiro cair, mas se manteve calado que nem o silêncio tímido das águas, porque tencionava apanhá-lo em momento oportuno. Esperou que eles terminassem a conversa que parecia adoçicada e, quando Saíde e o seu amigo se despediram, sem terem dado conta do dinheiro aí no chão caído, se aproximou e apanhou. Porém, também sem dar conta, foi visto por algumas pessoas que lá estavam, mas nada disseram, porque julgavam que ele mesmo foi quem o fizera cair. Saíde chegou em casa e entregou o pão. E quando pensou em dar o troco, tendo enfiado a mão no bolso, afinal, deu conta que o dinheiro já lá não estava – o bolso estava vazio. Quase desvaneceu. Assustou-se sobremaneira. Sentir te nem guar-te, saiu disparado aos brados de leão até ao sítio por todos os caminhos em que passara. Claro, quando chegou no encalço, pôs-se a procurar com quem busca caçar uma formiguinha do chão. E como não achava, pensou em perguntar aos que jaziam ao lado.
“Fiz perder dinheiro por aqui. Não viram?”
“Nós vimos alguém que estava apanhar dinheiro no chão e pensamos até que era dele”, denunciaram.
“Onde ele foi?”
“Ele vivem ali naquele portão”, era um portão azul carcomido. Saíde foi para lá. Afinal, o jovem já dera o dinheiro ao pai e contado como conseguira o dinheiro. O pai do jovem não se importou de que era dinheiro apanhado e nas circunstâncias em que ele vira o dono. Era mau e muito achado em que tinha mais força. Não pensaria em devolver o dinheiro a ninguém. Prova disso, quando Saíde lá chegou, bateu o portão e pediu o dinheiro, o pai do jovem saiu com uma catana na mão ameaçando e expulsando Saíde. Mas ele mostru-se resistente, porque pensava na quantidade de dinheiro; então não queria sair dali mesmo debaixo da ameaças. Um dos moços do bairro viu a confusão e correu avisando o senhor Ermo sobre o que se passava, ouvindo ele, enviou seus outros filhos na busca de Saíde com a ordem de voltar para casa e abrir mão do dinheiro. Todos os que foram atrás de Saíde acabaram brigando, – graças a Deus não houve ferimentos – desde o primeiro até o sexto filho, até os primos que também viviam naquela casa. E viu o senhor Ermo que ficara em casa apenas sua digníssima esposa Raíssa e seu filho Abias, então disse para Abias: